Caro profissional, quanto vale o seu passe no mercado de trabalho? Enquanto estamos ocupados demais trabalhando, o tempo passa e percebemos que mal tivemos um reajuste de salário descente, que compensasse pelo menos a inflação do ano anterior.
Passamos anos, e quando demos conta tentando recuperar o dinheiro perdido pedindo aumento numa tacada só, claro que acabamos tendo que engolir a desculpa de que é muito dinheiro para reajustar de uma só vez. Então temos que nos conformar mais uma vez com um incremento salarial medíocre, ou seja, migalhas.
Então, como fazer para não perdermos a noção de nosso valor e assim sermos reconhecidos como devidamente merecemos?
Aqui vão quatro dicas básicas (que tenho aplicado e tem funcionado muito bem na gestão de minha própria carreira profissional) para você explorar seu valor ao máximo perante seu empregador e até mesmo o mercado de trabalho:
1 – Entenda bem seu próprio perfil
Embora seja uma questão básica, está longe de ser simples e praticada por todos. Com os papéis meio bagunçados em muitas empresas devido a falta de profissionais e sobrecarga das equipes de trabalho, uns acabam fazendo o trabalho do outro e vice-versa, e no fim fica aquela confusão para entender o descritivo de cargo. Tem muita gente por aí com uma função no papel e 3, 4 na prática.
A dica é procurar entender bem seu papel, suas atribuições, seus limites, enfim, sua real função naquela empresa. Na prática. Seu perfil profissional é composto pelo produto de sua experiência profissional, sua experiência acadêmica (educação formal/informal) e perfil comportamental.
A partir de todo esse complexo conjunto de informações, você chegará a conclusão sobre o perfil de vaga que poderá preencher no mercado. E daí, você define o título das vagas possíveis, e porfim, com base nos títulos, pode partir para o passo número 2 para descobrir seu valor no mercado.
2 – Pesquise sua profissão em bases de pesquisa confiáveis
Uma vez tido um bom conhecimento do perfil profissional em mãos, podemos começar a brincadeira. E a internet vai ser muito útil para esse tipo de pesquisa.
Para muitas profissões, existem pesquisas específicas feitas por grandes institutos voltados a emprego e carreira profissional em nível brasileiro e mundial, fóruns de categorias profissionais e órgãos de classe, etc. Eles costumam divulgar tabelas de salários anuais que podem servir como uma boa base para entender sua faixa salarial.
Sites como o GlassDoor, SalarioBR, RobertHalf, entre outros, são ótimas fontes de pesquisas de médias salariais.
Outro recurso importante são seus pares que desempenham função semelhante e outros profissionais com perfil parecido em sua rede social (especialmente LinkedIn).
Muitos deles podem não ter restrições ou temor quanto a divulgar sua faixa salarial. Pesquisas em sites de emprego podem ajudar bastante, pois muitas das vagas divulgadas apresentam faixa salarial como atrativo, além de outros benefícios, o que dá uma ideia de quanto o mercado está disposto a pagar na média. Mas não se esqueça de considerar a região geográfica e porte das empresas na sua análise.
3 – O algo a mais: qual o valor que você agrega para sua empresa?
Eis aqui um ponto chave que o torna único, mesmo perante profissionais parecidos tecnicamente. Você pode ter um excelente perfil profissional, entender bem seu papel na empresa, mas mesmo assim não ter aquele reconhecimento esperado. Por que? Por causa da ausência de valor agregado (ao menos na visão da empresa), quanto a entrega de resultados.
Faltou algo a mais, ainda que seja mais uma deficiência de divulgação, de marketing pessoal fraco (veja o artigo: Comunicação essencial na carreira: Venda-se ou venderão você) e não de resultados em si.
Talvez faltou mais ambição na carreira para você se diferenciar daquele que bate o cartão e cumpre o que foi mandado. Pode identificar facilmente em seu trabalho, os momentos onde recebeu destaque, reconhecimento pelos projetos executados? Marcos importantes alcançados?
Pois bem, são esses resultados que vão dar o cheque mate em seu empregador para que ceda e lhe pague o pedido, ainda que acima da média do mercado, e o melhor, sem ressentimentos. Não é o fato de que seu colega ao lado ganha mais, que vai convencê-lo de forma equivalente.
E para convencê-lo, é preciso ter bons argumentos, e não precisa ser na ponta da língua, pode ser o preto no branco, anotação em mãos mesmo!
É importante tomar nota dos seus feitos na empresa, que obtiveram peso e destaque, para não perder os detalhes importantes. Crie um hábito de fazer isso quando a informação estiver fresca, deixar pra depois vai fazê-lo esquecer muitos detalhes que poderiam ser cruciais no destaque da importância dos fatos que reforçam seu valor.
Assim, essas notas o ajudarão para aquele momento em que você tiver que sentar com o chefe para uma discussão salarial/promoção, e assim o ajudará para que não se perca nos argumentos. Mas antes de partir para a conversa, seria interessante aplicar o passo seguinte:
4 – Conheça o potencial financeiro de sua empresa
Sua empresa paga seus funcionários (na sua equipe/departamento) dentro da média do mercado? Caso isto seja um problema generalizado na empresa, dificilmente você será considerado uma exceção. Até porque, ao ganhar mais que a média interna, isto pode trazer mais problemas do que solução ao despertar o ciúme de outros companheiros por você ter se tornado um ponto fora da curva.
Mesmo mostrando um desempenho e resultados fora da curva, ainda assim a empresa, por N razões, pode não ter condições de valorizá-lo como deveria. Caso tenha condições para tal, ótimo, caso contrário, os três pontos anteriores não deverão ser muito úteis no emprego atual.
Talvez seja hora de procurar outro emprego (veja o artigo: Mantendo a pose: Saiba como pedir demissão com profissionalismo).
Estes quatro pontos acima devem estar claros, translúcidos em sua mente. O nosso valor deve primeiro ser reconhecido por nós mesmos, para então depois podermos comunicá-los com precisão e finalmente serem percebidos pelos outros.
Não espere que vejam nada além do que você pode ver em si mesmo. Faça esse exercício de auto-conhecimento. Será melhor nós mesmos identificarmos as fraquezas e onde atacar, do que sermos surpreendidos ao vê-las denunciadas pelo nosso chefe. E justamente naquela hora em que iríamos falar de promoção/aumento salarial…
Antecipe-se a ele, vai valer a pena!
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