A mentira tem pernas curtas, como diz o velho adágio popular. Aliás, mesmo com toda a popularidade desse dito, a mentira, a bem da verdade, se acomodou nos costumes da sociedade. Aprendemos a relativizar a importância da verdade em situações corriqueiras no nosso dia-a-dia, e como não poderia deixar de ser diferente, acabamos por levar o maldito costume para a esfera da nossa carreira profissional.
E tudo começa logo de cara, no currículo: é idioma básico que vira avançado, intermediário que vira fluente, curso não concluído que vira completo, experiência em atividades da qual nunca participou…e ainda uma infinidade de meias-verdades, tipo daquelas que se deixa entender o contrário ao não ficar claro no currículo aquela informação.
Tentamos justificar nossas atitudes, numa tentativa de aliviar nossas consciências, nesse mundo do vale-tudo: “ah, todo mundo faz, por que eu não posso fazer? é por uma boa causa…”
Vander Giordano, diretor executivo da Kroll, consultoria da área de risco, através do portal INFO Abril publicou algumas das mentiras mais comuns que muitos candidatos cometem, e que definitivamente queimam o filme do candidato com más intenções. Fique atento até porque mesmo sem querer podemos cair em situações como essas, onde uma má colocação de palavras pode gerar desconfiança e desqualificá-lo de imediato de um processo seletivo:
1 – Idiomas: É a mentira mais popular e também a mais fácil de ser identificada. Um simples teste ou uma conversa com o recrutador são suficientes para checar a proficiência no idioma. Trata-se daquele inglês “básico” que no currículo aparece como “avançado”. Segundo Juliana, nem sempre o candidato age de má fé. “O problema é de percepção. A pessoa acha que domina a língua mas, na prática, tá enferrujada”, diz. Portanto, cuidado ao colocar no currículo que você é fluente numa língua. Procure explicar esse grau de fluência, caracterizando separadamente as habilidades de “fala”, “escrita” e “leitura”.
2 – Motivo de saída da empresa: Demissões não costumam ser bem vistas. Mas isso não é motivo para transformar uma dispensa individual em uma demissão em massa ou extinção de setor. “É comum os candidatos afirmarem que foram mandados embora porque a empresa onde trabalhavam passou por uma reestruturação ou que o setor onde atuavam foi extinto”, diz Giordano. Se percebida, a mentira sobre os motivos da saída de empregos anteriores pode passar a impressão de que o candidato quer esconder algo.
Para evitar que um possível erro do passado influencie na conquista do novo emprego, o especialista recomenda uma saída ética: “Limite-se a dizer que não estava sendo bom nem para você nem para a empresa”. Caso você não tenha se adequado bem ao trabalho anterior, não se preocupe. Em geral, problemas de adaptação cultural são justificativas legítimas para desligamento.
3 – Exagerar responsabilidades e salários: Aqui, um projeto realizado em equipe pode virar um triunfo pessoal no currículo. Exageros de competência acontecem aos montes, porém, nem sempre se sustentam. Principalmente, se recrutador pedir para o candidato especificar suas atribuições e as dos demais envolvidos no projeto. Para responder, o candidato precisa recriar e distorcer toda a história, e no meio do caminho…”Eles sempre se enrolam, não conseguem dar informações especificas sobre o seu papel, nem os dos outros participantes”, conta Juliana.
Outro tiro no pé, segundo a consultora, é a artimanha de aumentar o salário do emprego anterior para tentar cifras maiores na nova oportunidade. “Isso pode ser tornar um entrave à contratação”, alerta Juliana. “A empresa nem sempre tem condições de cobrir o salário anterior”.
4 – Tempo de trabalho: O tempo que se dedicou à empresa também costuma ser mudado ou omitido pelos candidatos. Seja porque a pessoa ficou pouco tempo naquela posição e teme ser vista como instável ou com nível de empregabilidade baixo, seja porque a empresa é mal vista no mercado. Em qualquer caso, vale dizer a verdade no currículo e explicar os motivos durante a entrevista.
Para quem tem vergonha de dizer que estava desempregado esticar em alguns meses a permanência no emprego anterior pode ser até aceito pelo selecionador. Do contrário, desista de tentar manipular datas. “Aqui, a mentira tem perna curta mesmo, sendo facilmente constatada pelos checadores ao ligar para empresas ou observar a carteira de trabalho”, diz Giordano.
5- Formação: Não minta sob qualquer hipótese sobre sua formação. Além de ser um critério bem objetivo, você pode simplesmente não conseguir executar uma função pela falta das competências. Bom senso não faz mal a ninguém. Um curso de artes no exterior para turistas, por exemplo, não é o mesmo que uma pós-graduação internacional. Assim como um MBA pela metade não representa um MBA completo. Seja honesto e inteligente. Afinal, qualquer exigência de certificado é suficiente para desmascarar a mentira.
Os prejuízos são grandes para os candidatos, empresas, negócios, economia… Até que ponto vale a pena arriscar a reputação, ainda mais num ambiente tão interconectado que vivemos hoje onde cada vez mais a privacidade vai virando lenda?
E você, qual forma acredita ser a melhor para se combater esse terrível mal que tem vitimado empresas e empregados, com perda de tempo e dinheiro preciosos ao se contratar gato por lebre ou trocar de emprego por uma roubada?
As dicas foram disponibilizadas no site da INFO ABRIL.
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richard gomes
ue mas a empresa que contrata pode mentir? porque quando voce vai em uma entrevista a rh fala só coisas boas da empresa e MENTE dizendo que voce vai trabalhar em uma coisa x mas depois que é contratado trabalha em uma coisa y e se voce perguntar alguma coisa eles dizem que outro setor estava carente de pessoas por isso a mudança, ou eles pedem que a pessoa saiba mil coisas, mas no fim vai trabalhar com coisa só, francamente, conta outra. Tem que fazer que nem o outro lá, no curriculo: “eu aumento mas nao invento.”
Vinicius
Richard, concordo com vc, tem muita empresa desonesta por aí, que vende uma função que não existe, tudo para ficar com o candidato desejado. Mau caratismo não dá retorno nem mesmo para a empresa, que com o descontentamento e desilusão do recém-contratado logo terá que buscar outro para a posição (eu não ficaria, como já não fiquei certa vez…). Porém ainda acho que na guerra das mentiras tem mais a perder o candidato, pelo menos no curto prazo. Até porque nosso produto é nossa mão de obra. Se mentirmos sobre ela, seria como uma empresa colocar informações inveridicas nos rótulos das embalagens de seus produtos. Quem se atreveu a isso pagou um preço caro com sua imagem, como já vimos várias vezes na mídia.
abs!