Segundo pesquisa recente publicada na 5ª edição do Índice Brasscom de Convergência Digital (IBCD), apresentada pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a evasão escolar nos cursos superiores de tecnologia chama a atenção negativamente. Apenas 18% dos alunos das mais de 460 mil vagas conseguem concluir o curso superior, o que dá um total de 85 mil estudantes.
Os motivos da evasão foram indicados como os seguintes:
- a falta de perfil em tecnologia,
- a falta de base matemática na escola regular.
- a baixa concorrência de alunos por vaga em cursos de graduação em tecnologia
Desses 85 mil estudantes formados, quantos não estão atuando em área adversa da de Tecnologia da Informação? Isto mostra como a situação pode ser um pouquinho pior. A disparidades de oferta e demanda de profissionais é detalhada no parágrafo abaixo:
Segundo o artigo da TiInside:
A evasão escolar se reflete diretamente no mercado profissional do setor de TI que, embora empregue atualmente 600 mil pessoas, apresenta déficit de quase 92 mil profissionais para esse ano, de acordo com projeções do Observatório Softex. Mantendo-se o quadro atual, o déficit pode chegar a 200 mil em 2013. Para alcançar a meta de aumentar em 50% o peso relativo do setor de Tecnologia da Informação no PIB até 2020, o País precisa enfrentar o desafio de formar mão de obra tecnológica e com conhecimento da língua inglesa para, então, incorporar cerca de 750 mil novos profissionais ao mercado, sendo 450 mil para o mercado interno e 300 mil em atividades para exportação.
A educação básica, precária no Brasil certamente é um dos maiores empecilhos para o desenvolvimento do setor de TI no país, como também foi mencionado pela Brasscom. Veja essa situação, comum entre os alunos formados: o aluno se prepara mal na educação durante a infância e adolescência. Vai para um curso de nível superior (para estudar à noite) cuja oferta de vagas é alta devido ao preço das mensalidades e fraca reputação da faculdade, que pouco exige dos alunos.
Como os alunos trabalham durante o dia, moram em geral longe da faculdade, têm uma renda que não ajuda muito na compra de bons livros (e devem incluir-se aí livros novos, coisa que as faculdades deveriam oferecer), os professores fazem vistas grossas às notas dos alunos em provas e trabalhos (quando têm), nivelando-os por baixo, relevam seus fracos desempenhos e os aprovam.
No mercado de trabalho vem a surpresa: tem vagas disponíveis mas muita gente desempregada. Tudo porque o aluno tem só o diploma, cuja formação não lhe permite passar em testes básicos de lógica em seleção. Ou seja, desses 85 mil teoricamente formados, quantos realmente se formaram?
Formar por formar não resolve o problema. Não adianta pensar num bom telhado se o fundamento da construção não for sólido, confiável. Das mesma forma na educação. Ou o Brasil resolve tratar o ensino fundamental e médio com seriedade, atacando os problemas de maus salários e baixa formação e condição de trabalho dos próprios professores ou essa situação se repetirá ano após ano. E cada vez mais nosso país será inundado de estrangeiros, contratados para ocupar os melhores cargos nas melhores empresas em nossas terras. Quanto ao resto de nós: a maioria deverá se contentar com sub-empregos na área de TI.
E você, qual acredita ser o maior motivo de evasão escolar? o que mais o governo e a sociedade poderiam fazer para combater esse mal?
Os dados acima foram divulgados pela TiInside.
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Luiz Henrique K
Sou oriundo de escola pública(de ma qualidade) e calouro do curso de Ciências da Computação na UTFPR, e digo que a minha maior dificuldade é na compreensão dos assuntos abordados em calculo e álgebra, assuntos os quais deveria ter uma base sólida vinda do ensino médio. A solução para os maiores problemas do planeta estão no ensino forte na base da educação.
Luciano
Sempre estudei em escola pública, passei por várias greves de professores e um ensino bastante fraco. Comecei a sentir o reflexo no primeiro semestre da faculdade de Sistemas de informação na cadeira de matemática discreta. O próprio professor da matéria comentou que minha base era muito fraca por isso da dificuldade. No entanto as dificuldades vão muita alem da faculdade, no dia a dia se percebe, quando vamos ler o jornal ou algum livro, muitas vezes não conseguimos se quer interpretar o texto. Infelizmente vivemos em um pais de estudantes semi-alfabetizados. É lamentável.
Heden
Apesar da formação acadêmica básica ser um grande fator, também temos a evasão por falta de perfil em tecnologia, como mencionado na matéria. Na minha faculdade de análise de sistemas 70% dos alunos do primeiro semestre eram de áreas que não condiziam com o curso. No segundo semestre metade dos alunos mudaram de curso, geralmente para administração ou marketing. Vale adicionar que falta incentivo, seja do governo ou das empresas de TI, para o estudante obter certificações em TI, nem todos podem pagar o alto valor para se prestar o exame, muitos em inglês apenas.
Edilson
A não regulamentação da Profissão de engenheiros da computação, cientistas e analistas de sistemas provam que os baixos salarios e sub-empregos na área de Ti é a causa da elevada evasão no ensino superior.
Universidades sem laboratórios ou com baixos recursos tecnologicos não criam a experiencia necessária ao aluno para aprender e aperfeiçoar seus estudos academicos.
Anon
Estou inserido no mercado de trabalho há algum tempo e sou formado em uma das melhores faculdades de TI do Brasil, e o problema real da evasão é que os salários oferecidos aos profissionais formados são incondizentes com o nível de instrução e lógica dos mesmos.
É uma relação custo/benefício muito desfavorável, o esforço demandado para se aprender todas as matérias de uma boa faculdade de TI são gigantescos, já os salários são menores do que de um assentador de pisos razoável.
Creio que em breve haverá um blackout de profissionais de TI, pois os que são realmente espertos pulam fora do barco antes de se formarem e vão procurar outra coisa.