A Curva do Esquecimento: Quando Tudo o que Aprendi foi para o Ralo

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O quanto você se lembra do que aprendeu na faculdade há anos atrás? ou daquele curso de idiomas que fez e raramente colocou em prática?

Ah, não consigo enumerar quantos cursos, livros, tutoriais, nesses mais de 20 anos de carreira, que estudei e que acabei não usando, perdendo todo muito do meu investimento em tempo e dinheiro…

E a culpa de todo esse esquecimento não é do nosso cérebro (ok, salvo problemas específicos de saúde que afetam a memória).

Ao contrário disso, nosso cérebro é uma máquina poderosa, otimizada para reter informações, mas acima de tudo, informações importantes. E aí é que está a questão:

como nosso cérebro decide o que é importante reter e o que não é e pode descartar?

Antes de entrar nessa questão, um dado importante: Segundo a Harvard Business Review, as empresas gastaram algo em torno de 359 bilhões de dólares em treinamentos em 2016.

Apesar do alto volume, 70% dos funcionários disseram não dominar as habilidades necessárias para executarem suas funções, enquanto que apenas 12% dos que participaram dos treinamentos afirmaram terem colocado as habilidades adquiridas em uso.

O psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, pioneiro em estudos experimentais relacionados a memória no fim do século 19, revelou na imagem abaixo, onde chegou a conclusão de que perdemos cerca de 75% das informações que absorvemos em apenas 6 dias, se não colocadas em prática:

Então, voltando a questão anterior, como nosso cérebro decide qual informação reter na nossa memória?

Veja quatro formas em que isso ocorre, segundo Paul King, neurocientista computacional, em publicação na BusinessInsider:

1. Repetição
Quando você executa uma ação, seu cérebro retém o aprendizado daquilo por algum tempo. Porém, quanto mais você a repete, mais estará indicando seu cérebro que aquela informação é importante e deve ser retida por longo tempo.

É por isso que é tão difícil mudar um velho hábito, tão fixo em nosso cérebro devido a repetição. Parece não ter outra opção senão repetir o novo comportamento por um longo tempo até fixá-lo sobre o anterior.

2. Informações que vêm primeiro e as mais recentes
Informações que vêm em primeiro são importantes por nos indicar o que pode vir depois e as mais recentes também por estarem ligadas ao presente. O que vem entre esses tende a ser mais facilmente esquecido.

3. Surpresa
Situações que nos causam supresa são mais facilmente retidas pelo cérebro. Quem não se lembra aí de algum evento na infância, que devido a surpresa, marcou sua memória até hoje?

Tive um professor de História no primeiro grau que ensinava história do Brasil fazendo uma representação teatral. Como nos divertíamos, cada aula era uma surpresa.

E como aprendemos, não me esqueço até hoje de muita coisa que aprendi nas suas aulas, de suas expressões faciais, intensidade e amor demonstrados na forma como ensinava… ah, e como aquilo nos fascinava!

4. Impacto Emocional
É fácil nos lembrarmos de pequenos detalhes de eventos onde a emoção teve um papel importante, como acidentes, doenças, mortes, brigas, nascimentos, etc.

A riqueza de detalhes que conseguimos guardar de eventos bastante afetados pela emoção e ao mesmo tempo tão longíquos no tempo mostra como nossa memória os prioriza, e de forma automática.

E o que eu e você podemos fazer a respeito a fim de melhorar a retenção de nossa memória para o que consideramos importante?

Bem, não há como enganar nosso cérebro nessa questão.

Se de fato priorizamos algo, vamos nos dedicar, repetir, e fatalmente vamos ter aquilo fixo em nossa memória.

Agora, o que podemos fazer é melhorar essa retenção fazendo uso de formas diferentes de aprendizado, surpreendendo (usando diferentes e inusitadas formas de aprendizado), causando emoção, o que fará nosso cérebro priorizar aquilo, retendo-o por um tempo mais longo.

Leituras recomendadas: Understanding Learning and Memory: The Neuroscience of Repetition e How The Brain Decides Which Memories To Hold On To, da BusinessInsider

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Discussão

  1. Fernando Lopes

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