E a polêmica volta à tona. Segundo informações da Info Abril, a comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou a proposta que regulamenta a o exercício da profissão de analista de sistemas. Já o Conselho Federal de Informática não entra mais essa pauta por ser uma prerrogativa do Poder Executivo, não havendo base na Constituição que autorize sua criação por projeto de lei.
Segundo a Agência Senado, a proposta, conhecida como PLS 607/07, de autoria do senador Expedito Júnior (PR-RO), deve seguir para a análise da Comissão de Assuntos Sociais, em decisão terminativa.
Nela, somente profissionais com diploma superior em Análise de Sistemas, Ciência da Computação ou Processamento de Dados poderão exercer a profissão, de acordo com o substitutivo aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).
A Sociedade Brasileira de Computação (SBC), sociedade científica, sem fins lucrativos, que reúne pesquisadores, estudantes e profissionais que atuam em pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico na área da Computação, tem se posicionado contra a regulamentação de profissões relacionadas a informática já há algum tempo.
A SBC sugere que…
…para o bem da Sociedade, o exercício da profissão na área de Informática deve continuar sendo livre e independente de diploma ou comprovação de educação formal e que nenhum conselho de profissão pode criar qualquer impedimento ou restrição a este princípio. A exigência de diplomas ou outros documentos indicadores de qualidade deve ser facultada às entidades contratantes, e não uma obrigação legal.
Vale lembrar que esse tipo de restrição ao exercício da profissão não ocorre em países desenvolvidos como Estados Unidos, Inglaterra, França, Canadá e Espanha, tradicionalmente na vanguarda do avanço tecnológico mundial.
Concordo com a criação de algum órgão regulador para as atividades relacionadas ao exercício da profissão, até para que se possa garantir a qualidade dos produtos e serviços de TIC. Com defasagem de mão de obra qualificada na área de Tecnologia da Informação no Brasil, temo que, nos moldes proposto, essa restrição possa ser mais um entrave ao crescimento econômico , que tem em TIC a área que melhor representa esse crescimento.
Lógico que se eu for legislar em causa própria, apóio incondicionalmente, já que teoricamente muitas vagas se abrirão, diminuirá a concorrência por tirarmos do caminho os “pseudo-profissionais por não terem diploma”, e assim as ofertas salariais terão uma boa inflacionada.
A crise financeira mundial foi a grande oportunidade de o Brasil provar que tem uma economia sólida – e provou. O setor de TIC, na contra-mão de outros setores, continuou gerando vagas em meio a crise… Agora várias empresas no mundo todo querem trazer parte de seus negócios para cá, se restringirmos mais nosso já limitado contingente de mão de obra especializada, o que será?
Segundo Sérgio Sgobbi, diretor da Brasscom, as universidades brasileiras formam anualmente apenas cerca de 17 mil alunos na área de Ciência da Computação. Com essa taxa de concluintes, até 2010 não teremos o número suficiente de profissionais que o Brasil deveria ter para atender a demanda, que até 2010 deverá chegar a 520 mil. Ainda segundo o IDC, a defasagem de profissionais de TI no Brasil neste ano deverá chegar a 100 mil. Será que realmente precisamos tirar pessoal da área?
Se essa conta fosse inversa, isto é, estivessem sobrando profissionais nesta medida, até que teria mais sentido tal mecanismo, ou não? Você vê outro motivo forte que justifique o contrário?
Que tal se o Governo se preocupasse mais em reduzir a carga tributária e encargos sociais e trabalhistas que minam a competitividade em termos de preço dos produtos e serviços de TI brasileiros em relação aos da Índia e China? Com maior volume de produtividade no setor a valorização do profissional no mercado seria algo mais natural, já que aumentaria ainda mais a disputa pelos talentos.
Burocratizar ou desburocratizar, eis a questão… Infelizmente a primeira opção, levando em conta a cultura de nosso país, é sempre a mais fácil.
Lógico que minha visão pode estar equivocada, por isso abro espaço para que você enriqueça a discussão logo a seguir. Para começar, responda a pergunta abaixo e ajude-nos a entender o perfil dos profissionais de TI ativos na área e assim poder avaliar o impacto dessa medida. E claro, deixe sua opinião nos comentários:
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Veja também a justificativa da SBC por seu posicionamento contrário a regulamentação nos moldes tradicionais das profissões relacionadas à informática neste link da SBC.
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Elcio Nakashima
A regulamentação favorece dono de faculdade picareta, profissional medíocre e o pessoal que vai arrecadar o dinheiro dos conselhos. Deixei minha opinião completa em http://tisimples.wordpress.com/2009/07/28/contra-a-regulamentacao-da-profissao-de-analista-de-sistemas/
.-= Elcio Nakashima´s last blog ..Desenvolvedor de software: esta é a sua era! =-.
Robson Ferreira
Sou a favor da criação de um órgão de regulação para o setor de TI. Infelizmente não podemos nos comparar a outros países. Penso que o principal empecilho no desenvolvimento dos profissionais do setor é a cultura de “prostituição de mercado” que reina na grande maioria das empresas brasileiras. Fogem à regra as empresas de grande porte que conscientes da importancia da TI nos seus negócios valorizam a formação dos profissionais de TI que necessitam, porém é um mercado mais restrito. Já no maior contingente empresarial do país, as médias, pequenas e micro empresas, carentes de projetos de TI, os profissionais da área são todos nivelados por baixo, tudo é “técnico de informática”, independete da sua formação. Sabemos que a maioria desta faixa do mercado não sabe avaliar um bom profissional, nem mesmo como contratar os serviços desejados, daí a necessidade de um órgão regulador que além de ajudar o setor a dar passos mais qualitativos, também protegerá o empresariado de si mesmo.
Isa Fernandes
Posso afirmar que o profissional acadêmico em TI tem um valor é claro em conhecimentos maior que um nível técnico ou médio, agora vem um dentista ou engenheiro que não é habilitado a tal função desestabilizar e dificultando a aprovação de um conselho que regulamente os profissionais da área de TI, isso não pode ter valor em julgamento à criação desse conselho, pois a criação tem que ser imediata no Brasil por ser um país em desenvolvimento e forte em TI essa precisa sair rápido para melhorar e regulamentar a profissão e restringir as brechas de pessoas não habilitadas para exercer a profissão tendo em vista que a aceitação de período para adequação de profissionais iria desestabilizar o órgão, pois no Brasil ainda não temos uma cultura forte com relação a normas e leis criadas se entrar com aberturas facilmente será burlada e desrespeitada.
Eduardo Legatti
Olá Vinicius,
Com certeza é uma polêmica. Acredito que a regulamentação não irá resolver o problema da fraca qualidade no ensino das atuais faculdades de tecnologia deste país, pelo contrário, e olha que deve haver muitas faculdades picaretas por aí. (O problema são os professores? ou são os alunos?) Sei que existem boas faculdades e universidades de computação por aí, mas se bobear tem curso por aí que ensina Word e Excel e, no final, o aluno “ludibriado” já sai achando que é analista de sistemas. Daí que entra a tal discussão da regulamentação na minha visão.
Também acho um tanto estranho criar um conselho federal de informática, Pra que? Para sermos obrigados a contribuir $$$ anualmente? Realmente não vejo como um analista de sistemas possa vir a colocar em risco a vida alheia e, assim, ser ou não responsabilizado em caso de má conduta. Vamos supor, no caso da queda de um avião, se for comprovado que o desastre foi provocado por um erro de software (será?), com certeza haverá pelo menos um engenheiro responsável, mas não um analista de sistemas. No mais, não dá para comparar a profissão de analista de sistemas com a de um médico, dentista ou engenheiro.
Finalizando, eu acho que a iniciativa de um certo modo é até relevante, mas ainda muito imatura … e com certeza isso ainda vai dar muito que falar.
Eduardo Legatti
Analista de Sistemas/DBA
RESENDE
DEIXEMOS DE BRAVATAS PESSOAL E VAMOS PARTIR PRA O QUE INTERESSA ….PORQUE ENQUANTO DEBATEMOS OPINIOES E TEORIAS, EMPRESAS FICAM CADA VEZ MAIS RICAS AS CUSTAS DE TALENTOSOS PROFISSIONAIS E EM DETRIMENTO DA SAÚDE FISICA E MENTAL DOS MESMOS QUE POR MUITAS VEZES SÃO OBRIGADOS A TRABALHAREM POR 12 HORAS SEGUIDAS SABADOS ,DOMINGOS E FERIADOS , POR FIM VAMOS A CAMARA FEDERAL AO SENADO PROMOVER FORUM DE DISCURSOES EM NOSSAS CIDADES E ELABORARMOS O NOSSO PRÓPIO PROJETO DE LEI VISANDO SEMPRE O MERCADO DE TI NO FUTURO PRESENTE PARA DEMAIS PROFISSIONAIS E TRABALHADORES DO SETOR!
José Netto
Pelos vários comentários que li, em tantos outros sites que discutem o assunto, vi os seguintes perfis de pessoas que são a favor à lei.
1) Possuem o curso de TI
2) Utilizam frases “prostituição de mercado” para desqualificar outros profissionais que não possuem diploma formal.
3) Se ressentem de receberem salários mais baixos que muitos profissionais que não fizeram faculdade de TI
4) Por não entenderem de Economia, acreditam que seus salários irão aumentar virtiginosamente após a promulgação da lei.
Em resposta aos itens acima tenho a acrescentar:
1) O aprendizado de informática requer estudo constante, dessa forma, uma pessoa que se formou a 15 anos atrás, se não atualizou seus conhecimentos, está completamente defasada das atuais ferramentas e técnicas de trabalho de hoje. Dessa forma não é possível comparar TI com uma área como Direito, Medicina, pois profissionais de tais áreas, com algumas invoções ou nova regulamentações, mesmo passando-se 30 anos seus aprendizados continuam válidos.
Já em TI, quem aprendeu Clipper ou Dbase III, não possui utilidade nenhuma com as tecnologias .NET e Java de hoje, que são completamente diferentes das primeiras. Ou seja, tiveram que reaprender uma nova linguagem.
2) Muito comum na psique humana é o ressentimento e sentimento de injustiçado, mesmo quando não há injustiça. O mercado de trabalho, assim como a Economia, com sua mão invisível tende a filtrar os melhores profissionais, aqueles que melhor valem pela relação custo/benefício, assim tanto faz se o funcionário possui ou não diploma formal, mas se sua atuação é melhor que as dos demais funcionários, este tende a receber mais que os outros. Bons profissionais existem tanto com diploma, quando sem diploma. Porém, se dividirmos em dois grupos, os com diplomas e os sem diplomas, observaremos que quase a totalidade dos sem diplomas são bons funcionários, pois possuem atributos como proatividade, iniciativa e força de vontade, pois com esses atributos é que conseguiram aprender sozinhos a profissão, e estão em constante aprimoramento por gostarem de “estudar”.
3) Sem comentários
4) De acordo com pesquisa do site APINFO (www.apinfo.com.br), a distribuição por idade, tem caído para profissionais mais jovens:
“Observamos um envelhecimento dos profissionais na comparação de 2006 e 2010, a queda de 5% entre profissionais de até 22 pode significar uma perda de atratividade da área para os mais novos.”
A distribuição hoje por idade está em:
até 22anos -> 12%
de 23 a 28anos -> 44%
de 29 a 34anos -> 28%
de 35 a 40anos -> 10%
acima de 40anos -> 6%
Se considerássemos que todos os 100% dos profissionais hoje no mercado não possuissem diploma forma, teríamos +/- 80% dos profissionais com mais de 5 anos de experiência na área de informática.
De acordo com a lei, profissinais com mais de 5 anos de experiência na área, mesmo se diploma formal serão considerados capacitados e receberão o registro.
Ou seja, a curtissimo prazo não haverá grande transformação nos salários. Isso quer dizer que você profissional de informática com diploma formal mas que não gosta muito de estudar e de se aprimorar o tempo todo, e é no máximo razoável, continuará a ganhar pouco e sendo menos valorizado que outros profissionais mais pró-ativos.
Obs.: Quem ganhará com uma lei sem nexo dessas?
As instituições particulares, onde o ensino é no mínimo contestável, irá ganhar em aumento da procura por vagas, que de acordo com a lei de oferta e demanda, fará com que tais cursos fiquem mais caros nos próximos anos, sem necessariamente melhorar a qualidade de ensino.
Claiton
Sou a favor .Trabalho a 11 anos e vejo quelauer um ‘analfabeto digital’ pegar minha vaga porque é “filho de fulano “. Com o conselho ele vai ter que estudar 5 anos e conquistar o DIPLOMA. Alguma competência ele vai ter que ter.
Claiton
Os caras da SBC dizem que dentistas não vao poder usufruir da informática, argumento furado. Outros profissionais podem sim usar a informatica para dar suporte ao seu negocio, mas quem ganha a vida diretamente com informatica, dando suporte, programando etc, vai ter q ter o diploma sim. Caso contrário quero obturar dentes também.
Fabiano
Sou a favor da regulamentação.
Os profissionais com diploma perdem mercado por que aqueles que não tem diploma se tornam mais ‘baratos’. Por isso sou a favor da regulamentação assim os profissionais que estudaram de 4 a 5 anos têm prioridade no mercado de trabalho.
Marco
Meu ponto de vista quem trabalha nesta área, deve ter um registro sim. Primeiro que ele vai ter direitos e devereis, tendo que seguir uma norma vigente. também deve prestar um prova de conhecimento. para adquirir esse tal registro, semelhante o da (OAB) .
essa prova também serviria para os autodidatas. Pois a informações (DADOS) hoje em dia e levado a sério em todos os campos no tanger ( segurança )
José da Silva
Enquanto não existe um conselho que representem os profissionais graduados em tecnologia da informação e afins, o órgão que tem a competência para homologar o curso deveria ser o responsável em emitir o Registro desses profissionais após atender criteriosamente aos requisitos exigidos pelo órgão homologador dos cursos.