Há alguns anos atrás, eu estava prestres a trocar de emprego. Estava tudo acertado com a nova empresa, então comuniquei meu gestor sobre minha decisão.
Uma outra empresa tinha me oferecido um salário e oportunidade de carreira mais interessantes, aceitei e disse ao meu chefe atual na época que era o momento de trocar de barco.
Já no dia seguinte, não veio o gerente do meu gestor falar comigo, mas o diretor dele!
Veio com papo meloso e me ofereceu igualar a proposta, além de outras coisas que eu demandava – tudo o que eu queria, tinha pedido antes e não tinha sido atendido até então.
Como já estava lá há alguns anos, conhecia bem o ambiente de trabalho e era o DIRETOR quem prometia, eu resolvi arriscar – aceitei ficar. Aí chegou a parte chata: ter que desfazer o negócio com a outra empresa…
Ao informar a empresa que desejava me contratar, de que tinha mudado de ideia, eles tomaram uma atitude que eu não esperava: resolveram COBRIR a contra-oferta.
Pensei comigo: “não, aí já acho sacanagem demais, virou leilão e não estou gostando disso…” O negócio começou a cheirar mal, e como não tenho estômago pra isso, declinei gentilmente a nova oferta e fiquei, de certa forma aliviado pois gostava do lugar onde estava trabalhando e eles agora tinham me dado (ou pelo menos, prometido) tudo o que faltava para que eu me sentisse satisfeito.
Bem, passou-se o tempo, e obtive somente o aumento salarial, enquanto outros pontos mais importantes das promessas NÃO foram cumpridos, pois segundo o diretor, não dependia dele somente. Após nova cobrança quanto ao combinado, fiquei sabendo que aquelas promessas definitivamente não se concretizariam e que ele não poderia fazer mais nada quanto aquilo.
O mais frustrante de tudo é que ficou claro, pela forma como ele me comunicou os fatos, de que eu tinha sido usado – havia projetos importantes de outsourcing a serem concluídos e se eu saísse naquele momento, muita coisa iria atrasar – e lógico, isso ia pegar mal para ele.
Eu me desculpei na nossa conversa e lamentei por ter aceito sua palavra como garantia e fiz uma afirmação perigosa, e que não recomendo que ninguém o faça em sã consciência no seu emprego:
“Ok, a partir deste momento, estou de olho no mercado, assim que encontrar algo interessante, saio, desta vez sem olhar pra trás!” – eu estava furioso, deixei meus sentimentos falarem por mim.
Apesar dos meus medos, as coisas se encaixaram como que por milagre, e quase um mês depois estava saindo para uma outra oportunidade que acabou sendo melhor que a primeira.
Mas confesso que estava preparado para tudo: poderia até mesmo aceitar uma oportunidade para ganhar menos, pois no momento, o que mais me importava era sair dali, e o mais rápido possível – tinha virado uma questão de honra.
Enfim, cuidado com contra-propostas. EM GERAL, as pessoas que as aceitam não costumam se dar bem. Eu aprendi a minha lição. Agora, veja 10 motivos porque você não deve aceitar a contra-proposta a seguir.
Eu as separei condensando as centenas de comentários no meu post no LinkedIn, que muitos profissionais compartilharam através de suas ricas experiências:
1 – Se você tivesse esse valor todo na visão deles justamente agora que você está prestes a sair, eles teriam atendido as suas demandas quando você pediu antes de outra empresa lhe oferecer uma proposta. Quer dizer que agora apareceu o dinheiro?
2 – Seu novo salário poderá ser um ponto fora da curva por ganhar mais do que outros que tem a mesma função. Em tempos de crise, você poderá encabeçar a lista de cortes.
3 – Eles podem ver seu salário maior como incompatível (neste caso, inferior) com os resultados que você entrega, então logo se sentirão pressionados a aumentar sua carga de trabalho para compensar a discrepância, ou pior, demití-lo.
4 – Você pode ser relegado a projetos e tarefas de menor importância por verem em você alguém que possa pular do barco a qualquer momento que pintar uma proposta um pouco melhor por aí;
5 – Nem sempre o dinheiro é o fator que está levando você a mudar de emprego, reavalie todos os motivos, senão poderá acontecer de se ver desmotivado de novo em pouco tempo – e dessa vez, até sem emprego;
6 – Você estará queimando o filme com aqueles potenciais empregadores por ter voltado atrás com sua palavra. Isto poderá lhe prejudicar no futuro ao se candidatar a vagas naquelas empresas ou mesmo em outras empresas onde você possa encontrar aquelas mesmas pessoas. O mundo é pequeno demais.
7 – Na próxima vez que derem aumento/promoções na sua equipe, poderão esquecer de você de propósito para compensar o gasto a mais, na visão deles, para manter você na equipe.
8 – Aproximadamente 95% das pessoas que aceitaram contra-proposta, segundo os comentários, se decepcionaram. Desde ao ponto de não receberem nada ou apenas parcialmente o que foi prometido até o ponto de serem demitidas pouco tempo depois.
9 – Aquele gestor que prometeu – ou os diretores acima dele, que aprovaram suas demandas – poderão não estar lá para comprí-las mais tarde. Muitos se vão, e com eles, suas promessas, enquanto você pode ficar a ver navios.
10 – Se a empresa age reativamente nesta questão, provavelmente você terá que fazer a mesma coisa no futuro para continuar avançando profissionalmente naquele lugar, e isto é um jogo muito arriscado, além de estressante. Vai querer continuar mesmo com isto?
Se mesmo depois de tudo isso, você decidir aceitar a contra-proposta, aqui vai um último conselho, também compartilhado pelos colegas nos comentários: tenha tudo por escrito, preto no branco e com consentimento e aprovação dos tomadores de decisão.
Não adianta seu chefe lhe mandar um email com tudo o que foi acordado. As vezes é preciso que pessoas acima dele corroborem com aquele acordo, então solicite uma reposta deles no mesmo documento.
Ainda assim, saiba que você não tem garantia alguma. Pode até processar a empresa depois e eventualmente ganhar algo, mas dificilmente o que ganhar vai compensar toda a dor de cabeça que um processo desse tipo gera, sem contar o fato de ter que se indispor com muita gente que poderá voltar a ser seu chefe em outras empresas.
Pense nisso, não deixe a emoção falar mais alto ao permitir que laços sentimentais, medos e outros sentimentos sobreponham sua racionalidade e prendam você a algo que de venha se arrepender depois – o que provavelmente vai acontecer, as estatísticas estão aí para provar isso.
Veja os insights de centenas de comentários sobre o assunto num post que escrevi no LinkedIn:
Acesse o post aqui pra aprender mais sobre o tema: https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6334513576706871296
Eu aprendi minha lição, e VOCÊ, o que acha do assunto? Deixe sua opinião!
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Marilia
Bom dia! Após eu avisar que deixaria a empresa, meu chefe me ofereceu um novo cargo, um novo salário e uma nova equipe. Mas não estou feliz, quero outra coisa da minha vida!! Como falar isso pra ele? Ajudo no que for preciso pra formar uma nova equipe e depois vou embora ou aviso logo e assim ele não demite niguém?
Vinicius
Olá Marília, se ele tiver que demitir alguém ou não, não seria sua culpa ou problema, imagino, agora se você não está feliz lá, é realmente complicado, sabemos que nem sempre felicidade se compra. Se você pode sair e encontrar emprego a hora que quiser, diria que poderia se dar ao luxo de conversar com bastante antecedência antes de sair, mas na maioria dos casos, e eu me incluo, prefiro conseguir algo primeiro, ter contrato assinado e data pra começar, e então sentar com o chefe e falar: fulano, estou saindo, já assinei o contrato, mas consegui im tempo de X dias pra ajudar na transição, conte comigo e com todo o meu empenho até lá.
E não dê brecha pra que ele/a questione sua decisão, deixe claro que está lá só pra comunicar, e com todo respeito.
Espero que ajude, sucesso!
Lima
Estou numa situação parecida, a empresa que trabalho está passando por fortes momentos de crise e está tendo muitas demissões a cada final de ano, dia saúde financeira este pessima, os processos dela são desorganizado, e recente meu superior entrou em acordo para a demissão dele apos 15 anos de casa. Agora chegou um novo gestor na empresa e prometeu muitas melhorias, valorização financeira e crescimento profissional a nós, até um mês atrás acreditava nesta possibilidade, mas ao voltar de férias já percebi que o que me prometeu de cargo não se cumpriria, pois já trouxe funcionários de fora para fazer o trabalho que almejava, segundo ele, esses novos funcionários me ajudariam nesta nova etapa, mas pelo pouco que vi deles, estão trabalhando mais por indicação do superior do que por competência. Depois disso, me senti desvalorizado e aceitei uma proposta da empresa concorrente, os trabalhar mais, num local mais longe e recebendo o mesmo salário. Agora vem a grande dúvida, tenho quase dez anos de casa e o acerto da minha demissão me ajudaria a me manter mais tranquilo com a mudança de trabalho, caso eu não me adaptace poderia usar esse acerto para buscar coisas novas, no entanto, meu novo gestor não gostou de me ver saindo e barrou o meu acerto, me forçando a ter que pedir demissão e sair sem nada. Ele sempre fala que gostaria que eu ficasse, mas não sei até onde é real essa vontade
Renato Garcia
Sou desenvolvedor e ex tech lead de squad de uma grande consultoria de SP, Passei por uma situação parecida e que se encaixa em alguns tópicos, aonde o o Diretor (chefe do meu chefe na época) me chamou para conversar, falou sobre plano de carreira, prometeu até mesmo pagar minha faculdade no futuro.
Tive um aumento de salário e um aumento de demanda e carga horária descomunal, nenhuma promessa foi cumprida e metas e objetivos inalcançáveis para que eles sempre pudessem usar como argumento: ‘agora é com você, tem que fazer sua parte’.
A gota d’água foi uma mudança de diretor, o que deu uma ‘amnésia’ Convencional no meu chefe, e uma anulação total dos benefícios pelo novo diretor, mesmo com o histórico de entregas que consegui no novo cargo, eu era um recurso ‘desnivelado’ se olhando o salário do cargo , mas imprescindível para criação de projetos. Perdi uma excelente oportunidade aceitando essa contraproposta e no fim troquei por algo que pagasse menos. Eu reforço: pode parecer mais dinheiro de imediato em um lugar familiar, mas não compensa a longo prazo.
Daniel Santana
Muito bom o artigo. Alguns pontos eu nunca havia refletido sobre. Parabéns. Adiciono ainda um outro fator que serve para ambos (empregador e empregado) e que, nos meus mais de 20 anos de carreira, sempre me guiou a pensar duas vezes sobre aceitar ou não a contra proposta: quebra da confiança. Costumo dizer que a ação de dizer que vai sair é como uma negociação terrorista. Se aceitar uma vez, a probabilidade do profissional fazer ou ter que fazer novamente é alta. Porém, algumas vezes em minha carreira aconteceram situações em que permanecer valeu a pena. Análise cada caso com cuidado e observe não apenas a questão financeira como também o crescimento profissional. Boa sorte.
Vinicius
Legal cara, é um aprendizado que levamos pra vida, sucesso ai!!!
Vinicius
Cara,como sua história se parece com a minha, bom que aprendemos com nossos erros, sucesso na sua jornada, obrigado por compartilhar!
Vinicius
Valeu pelas dicas, e compartilhar suas experiências, muito úteis !!